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Foto ilustrativa |
Um estudo recente conduzido pela mestranda Neiva de Oliveira Prestes, do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Atenção Integral à Saúde (PPGAIS) da URI Erechim, traz novos alertas sobre os perigos do cigarro eletrônico, especialmente para os jovens. A pesquisa, que analisou os efeitos da exposição aos compostos químicos presentes nesses dispositivos em ratos Wistar jovens, revelou impactos significativos sobre a função renal.
Sob a orientação da professora Dra. Fernanda Dal’Maso Camera, Neiva desenvolveu a dissertação intitulada “Compostos Químicos do Cigarro Eletrônico e Toxicidade Renal em Ratos Jovens”, com o objetivo de identificar substâncias presentes nos líquidos utilizados em cigarros eletrônicos e avaliar sua toxicidade para os rins.
Durante o experimento, ratos jovens foram expostos à inalação de fumaça do cigarro eletrônico diariamente por um período de 30 dias. A análise da essência utilizada revelou a presença de nicotina — principal agente causador de dependência —, compostos carbonílicos e compostos orgânicos voláteis (COVs), todos conhecidos por seus efeitos nocivos à saúde.Os compostos carbonílicos são capazes de causar irritação nas vias respiratórias, além de estarem associados a danos pulmonares. Já os compostos orgânicos voláteis, comumente encontrados em tintas, vernizes, produtos de limpeza e cosméticos, podem provocar sintomas como irritação nos olhos e nariz, dores de cabeça e mal-estar. A presença desses elementos tóxicos em dispositivos amplamente utilizados por adolescentes e jovens adultos gera uma preocupação crescente entre profissionais da saúde.
As análises histológicas realizadas durante a pesquisa evidenciaram alterações na morfologia renal dos animais expostos, como dilatação tubular e congestão vascular. Tais alterações indicam lesões nos tecidos renais, que podem comprometer significativamente a função do órgão. Além disso, testes bioquímicos detectaram uma redução nos níveis de glutationa reduzida (GSH), uma enzima antioxidante essencial para a proteção celular contra danos oxidativos. Essa queda sugere que os rins dos animais foram submetidos a um estresse oxidativo severo, comprometendo ainda mais seu funcionamento.
Para Neiva Prestes, a conclusão da pesquisa representa mais do que a finalização de uma etapa acadêmica. “Este trabalho é fruto de muita dedicação e representa o compromisso com a saúde pública. Espero que os dados obtidos possam contribuir para a conscientização sobre os riscos reais do uso de cigarros eletrônicos, especialmente entre os mais jovens”, afirmou.A professora Fernanda Dal’Maso Camera, orientadora do projeto, também destacou a importância dos resultados. Segundo ela, “a pesquisa oferece evidências científicas importantes sobre os danos que esses dispositivos podem causar. Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas mais rigorosas quanto à regulamentação e comercialização dos cigarros eletrônicos, além de estratégias efetivas de conscientização da população”.
Além do meio acadêmico, os resultados do estudo terão um alcance social importante. O conteúdo será utilizado como base em ações do Programa PREVDROGAS, desenvolvido pela Escola de Educação Básica da URI Erechim. A proposta é levar informações sobre os perigos do cigarro eletrônico aos estudantes do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, bem como à comunidade local. A intenção é promover debates, reflexões e, principalmente, estimular atitudes preventivas.Embora os cigarros eletrônicos sejam frequentemente divulgados como alternativas “mais seguras” ao cigarro tradicional, o estudo da URI Erechim reforça que esses dispositivos não estão isentos de riscos. A inalação diária de substâncias tóxicas pode desencadear danos sistêmicos sérios, com destaque para os rins — órgãos vitais que muitas vezes são negligenciados quando se discute os malefícios do tabagismo.
Com o crescimento do uso desses dispositivos entre adolescentes e jovens adultos, pesquisas como essa tornam-se fundamentais para embasar decisões de saúde pública e orientar campanhas educativas. Afinal, proteger a juventude de práticas potencialmente perigosas é um dos maiores desafios da sociedade contemporânea.
Fonte JORNAL BOA VISTA